Modernismos, pacto social e estética da irreconciliação na obra de Jorge Ben Jor

Autores

  • Marcos Alexandre do Amaral Ramos Júnior Universidad Nacional de Colombia

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.56988

Palavras-chave:

Jorge Ben Jor, Modernismos, Cancioneiro Brasileiro, Estética da Irreconciliação, Afro-Diáspora

Resumo

Este artigo analisa a obra de Jorge Ben Jor como um contraponto à estética conciliatória predominante no cancioneiro popular brasileiro do século XX. Argumenta-se que os modernismos tardios, representados pela Bossa Nova e pelo Tropicalismo, consolidaram uma gramática estética vinculada à neutralização de tensões raciais e culturais em prol de uma identidade nacional idealizada. Em contrapartida, Jorge Ben Jor rompe com essa lógica ao resgatar, em suas composições, um protagonismo afro-diaspórico que coloca o conflito no centro de sua proposta estética. O artigo menciona canções como Mas que Nada e Zumbi como exemplos dessa inflexão, embora sem se deter em análises aprofundadas de cada uma delas. Por meio da comparação com obras paradigmáticas da Bossa Nova e do Tropicalismo, examina-se como sua música reposiciona a canção popular brasileira como espaço de resistência e ampliação da imaginação política. Metodologicamente, adota-se uma abordagem histórico-cultural e a análise estética de letras e performances, situando a obra de Jorge Ben Jor no contexto das dinâmicas políticas e culturais do Brasil do século XX. Conclui-se que sua música inaugura o que nomeamos Estética da Irreconciliação, oferecendo uma alternativa às gramáticas normativas do cancioneiro brasileiro e expandindo os horizontes culturais e políticos da música popular brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Livros

DUPRAT, Rogério. Uma mudança no código. In: Nova História da música popular brasileira: Tom Jobim. Fascículo acompanhando CD. São Paulo: Abril Cultural, 1977.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. São Paulo: Zahar, 2002.

FRANCHESCHI, Humberto. A Casa Edison e seu tempo. Rio de Janeiro: Sarapuí, 2002.

FISHER, Mark. Realismo Capitalista. São Paulo: Autonomia Literária, 2024.

MELLO, José Murilo de Carvalho; NOVAIS, Fernando Antônio. Capitalismo tardio e sociabilidade moderna. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

PEDROSA, Mário. Arquitetura: ensaios críticos. Organização de Guilherme Wisnik. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

SAFATLE, Vladimir. Só mais um esforço. São Paulo: Autêntica, 2022.

SAFATLE, Vladimir. Em um com impulso. 1 ed. São Paulo: Autêntica, 2023.

SAFATLE, Vladimir. A construção estética do Brasil e seus colapsos: crítica, impasse e modernismos nacionais. Constelaciones: Revista de Teoría Crítica, n. 15, 2023.

SINGER, André. Os sentidos do Lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de. Construtores de Brasília. Petrópolis: Vozes, 1983.

ROSA, Allan da; FAUSTINO, Deivison. Balanço Afriado: Estética e política em Jorge Ben. São Paulo: Perspectiva, 2023.

TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia (SP): Atelier, 2004.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular: um tema em debate. São Paulo: Editora 34, 1997.

VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Artigos e fontes digitais

VELOSO, Caetano. Debate promovido pela Revista Civilização Brasileira em Maio de 1966. 2018. Disponível em: http://tropicalia.com.br/eubioticamente-atraidos/reportagens-historicas/que-caminhos-seguir-na-mpb. Acesso em: 15 jan. 2023.

Vídeos

CAMARGO, Aspásia. Programa de história oral: catálogo de depoimentos. Fundação Getúlio Vargas, 1981.

CARVALHO, Wladimir. Conterrâneos velhos de guerra: a construção de Brasília, 1990. Documentário.

PROGRAMA DO JÔ. Entrevista com Tom Jobim. Exibido em 22 out. 1993. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jR0i_TIi0MQ. Acesso em: 12 abr. 2025.

TERRA, Renato; CALIL, Ricardo. Uma noite em 67: bastidores e apresentações históricas. 2010. Documentário.

TROPICÁLIA. Tropicália: um movimento revolucionário na música brasileira. 2012. Documentário.

TV BRASIL. TV Brasil celebra os 60 anos da Bossa Nova. TV Brasil, 2018. Programa de televisão. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RLhtxBPexoc . Acesso em: 25 de janeiro de 2024.

Disco, CD ou LP

COSTA, Gal; VELOSO, Caetano. Domingo. Philips, 1967.

COSTA, Gal. Índia. Philips, 1973.

GIL, Gilberto. Refazenda. Philips, 1975.

GILBERTO, João. Chega de Saudade. Odeon, 1958.

JOR, Jorge Ben. Força Bruta. Philips, 1970.

JOR, Jorge Ben. Negro é lindo. Philips, 1971.

JOR, Jorge Ben. Samba Esquema Novo. Philips, 1963.

PRATES, José. Tam... Tam... Tam...!. Polyvox, 1958.

VÁRIOS ARTISTAS. Tropicália ou Panis et Circensis. Philips, 1968.

Downloads

Publicado

30-04-2025

Como Citar

do Amaral Ramos Júnior, M. A. (2025). Modernismos, pacto social e estética da irreconciliação na obra de Jorge Ben Jor. Revista Cerrados, 34(67), 144–153. https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.56988

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.