Modernismos, pacto social e estética da irreconciliação na obra de Jorge Ben Jor
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.56988Palavras-chave:
Jorge Ben Jor, Modernismos, Cancioneiro Brasileiro, Estética da Irreconciliação, Afro-DiásporaResumo
Este artigo analisa a obra de Jorge Ben Jor como um contraponto à estética conciliatória predominante no cancioneiro popular brasileiro do século XX. Argumenta-se que os modernismos tardios, representados pela Bossa Nova e pelo Tropicalismo, consolidaram uma gramática estética vinculada à neutralização de tensões raciais e culturais em prol de uma identidade nacional idealizada. Em contrapartida, Jorge Ben Jor rompe com essa lógica ao resgatar, em suas composições, um protagonismo afro-diaspórico que coloca o conflito no centro de sua proposta estética. O artigo menciona canções como Mas que Nada e Zumbi como exemplos dessa inflexão, embora sem se deter em análises aprofundadas de cada uma delas. Por meio da comparação com obras paradigmáticas da Bossa Nova e do Tropicalismo, examina-se como sua música reposiciona a canção popular brasileira como espaço de resistência e ampliação da imaginação política. Metodologicamente, adota-se uma abordagem histórico-cultural e a análise estética de letras e performances, situando a obra de Jorge Ben Jor no contexto das dinâmicas políticas e culturais do Brasil do século XX. Conclui-se que sua música inaugura o que nomeamos Estética da Irreconciliação, oferecendo uma alternativa às gramáticas normativas do cancioneiro brasileiro e expandindo os horizontes culturais e políticos da música popular brasileira.
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