Antropologia e Políticas Indigenistas no Brasil, no Canadá e na Austrália: os desafios à prática antropológica em diversos contextos nacionais

Autores

  • Stephen Grant Baines Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.26512/interethnica.v19i1.15339

Palavras-chave:

Antropologia

Resumo

Politiques indigénistes au Brésil, au Canada et en Australie : les défis de la pratique anthropologique dans divers contextes nationaux

Stephen Grant Baines

 

Cet article examine certains des défis rencontrés par l’ethnologie autochtone au Brésil, au Canada et en Australie au cours des dernières décennies, en mettant l’accent sur les situations où se produit le contact interethnique entre peuples autochtones et États nationaux et dans lesquelles l’anthropologue intervient au moyen de recherches politiquement engagées. La représentation des peuples autochtones dans les trois pays s’est renforcée depuis la consolidation des mouvements politiques autochtones à partir des années 1970, au moment où les grandes sociétés minières, forestières, d’élevages, agro-industrielles et hydroélectriques convoitaient les ressources naturelles sur les territoires autochtones. L’anthropologue travaille dans des contextes fortement politisés en collaboration avec des agents sociaux des communautés autochtones et de la société nationale, tant du gouvernement que des entreprises actives sur les territoires autochtones. Un des rôles joués par l’anthropologue consiste à interpréter les situations complexes d’interventions gouvernementales et de l’indigénisme entrepreneurial en analysant et en contextualisant les différentes opinions des intervenants sociaux qui y prennent part.

Mots clés : anthropologie, politiques indigénistes, Brésil, Canada, Australie, contextes nationaux

 

 

Anthropology and Indigenist Policies in Brazil, Canada, and Australia: The Challenges to Anthropological Practice in Different National Contexts

Stephen Grant Baines

 

This article examines some of the challenges faced by social anthropology with Indigenous peoples in Brazil, in Canada and in Australia, in recent decades, focusing on situations of interethnic contact between Indigenous peoples and national States where the intervention of anthropologists takes place through politically engaged research. In all three countries, Indigenous political protagonism has become stronger since the consolidation of Indigenous political movements from the 1970s, at the same time in which giant mining companies, hydroelectric construction companies, timber, agricultural industries and cattle raising projects increasingly covet the natural resources on Indigenous Lands. The anthropologist Works in highly politicized situations in which s/he interacts with social agents both Indigenous and from the national society, both from the government and from companies which operate on Indigenous Lands. One of the roles played by the anthropologist is to interpret the complex situations of government and entrepreneurial indigenist interventions, analysing and contextualising the various opinions of the social agents who are involved.

Keywords: anthropology, indigenist policies, Brazil, Canada, Australia, national contexts

 

 

Las políticas indigenistas en Brasil, Canadá y Australia : Desafíos de la práctica antropológica en diversos contextos nacionales

Stephen Grant Baines

 

Este artículo examina algunos de los desafíos que enfrenta la etnología indígena en Brasil, Canadá y Australia en las últimas décadas, y se centra en situaciones de contacto interétnico entre los pueblos indígenas y los Estados nacionales, donde se produce la intervención antropólogica a través de la investigación políticamente comprometida. En los tres países, la actuación política indígena se fortaleció a partir de la consolidación de los movimientos políticos indígenas de la década de 1970, mientras que las grandes empresas mineras, de construcción hidroeléctrica, empresas de explotación forestal, agroindustria y ganadería codician los recursos naturales en los territorios indígenas. El antropólogo trabaja en situaciones muy politizadas en que interactúa con los agentes sociales indígenas y con los agentes de la sociedad nacional, tanto del gobierno como de las empresas que operan en los territorios indígenas. Una de las funciones desempeñadas por el antropólogo es interpretar situaciones complejas de intervención gobernamental y de indigenismo empresarial, en que el antropólogo analiza y contextualiza los diferentes puntos de vista de los otros actores sociales.

Palabras clave : antropología, políticas indigenistas, Brasil, Canadá, Australia, contextos nacionales

 

 

 

Antropologia e Políticas Indigenistas no Brasil, no Canadá e na Austrália: os desafios à prática antropológica em diversos contextos nacionais

Stephen Grant Baines

 

Este trabalho examina alguns dos desafios enfrentados pela etnologia indígena no Brasil, no Canadá e na Austrália, nas últimas décadas, focalizando situações de contato interétnico entre povos indígenas e Estados nacionais onde a intervenção do antropólogo ocorre por meio de pesquisas politicamente engajadas. Em todos os três países o protagonismo indígena fortaleceu-se desde a consolidação dos movimentos políticos indígenas a partir da década de 1970, ao mesmo tempo em que grandes empresas mineradoras, construtoras de hidrelétricas, madeireiras, agroindustriais e pecuárias cobiçam os recursos naturais em territórios indígenas. O antropólogo trabalha em situações altamente politizadas em que interage com agentes sociais indígenas e da sociedade nacional, tanto do governo quanto das empresas que atuam nos territórios indígenas. Um dos papéis desempenhado pelo antropólogo é de interpretar as situações complexas de intervenções governamentais e de indigenismo empresarial, analisando e contextualizando as opiniões diversas dos agentes sociais envolvidos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALTMAN, Jon; HINKSON, Melinda. Coercive Reconciliation: stabilize, normalize, exit Aboriginal Australia. Melbourne: Arena Publications, 2007.

AUSTIN-BROOS, Diane. Quarantining violence: how anthropology does it. In: ALTMAN, Jon; HINK-SON, Melinda. Culture Crisis: Anthropology and politics in Aboriginal Australia. Sydney: UNSW Press, 2010, p. 136-149.

BAINES, Stephen G. O Território dos Waimiri-Atroari e o Indigenismo Empresarial. Ciências Sociais Hoje, São Paulo, HUCITEC/ANPOCS, 1993, p. 219-243.

BAINES, Stephen G. Primeiras impressões sobre a etnologia indígena na Austrália. In: CARDOSO DE OLIVEIRA, R.; RUBEN, G. R. (orgs.) Estilos de Antropologia. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1995.

BAINES, Stephen G. Etnologia indígena no Canadá: primeiras impressões, Brasília: DAN/UnB, Série antropologia 197, 1996.

BAINES, Stephen G. Organizações Indígenas e legislações indigenistas no Brasil, na Austrália e no Canadá. Arquivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro, v.61, n.2, 2003, p.115-128, abr/jun.

BAINES, Stephen G. Antropologia do desenvolvimento e a questão das sociedades indígenas. Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 8, volume 15(2), 2004, p.29-46.

BECKETT, Jeremy. Aboriginality, Citizenship and Nation State. Aborigines and the State in Australia: Social Analysis nº.24, 1988, p.3-18.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Sobre o Pensamento Antropológico (Biblioteca Tempo Universi-dade; nº 83). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: CNPq, 1988.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora UNESP, 1998.

DYCK, Noel. “Telling it like it is”: some dilemmas of fourth world ethnography and advocacy. In: DYCK, N.; WALDRAM, J.B., (orgs.) 1993 - Anthropology, Public Policy and native Peoples in Ca-nada. Montreal & Kingston, London, Buffalo: McGill-Queen’s University Press. Capítulo 8, 1993, p. 192-212.

DYCK, Noel; WALDRAM, James B., (orgs.). Anthropology, Public Policy and native Peoples in Cana-da. Montreal & Kingston, London, Buffalo: McGill-Queen’s University Press, 1993.

GALLOIS, Dominique. Terras ocupadas? Territórios? Territorialidades? In : RICARDO, Fany. (Org.) Terras Indígenas e Unidades de Conservação da Natureza: o desafi o das sobreposições territoriais. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2004, p. 37-41.

HINKSON, Melinda. Introduction: Anthropology and the culture wars. In: ALTMAN, J.; HINKSON, M., Culture Crisis: Anthropology and Politics in Aboriginal Australia, UNSW Press, Sydney, 2010, p.1-13.

KAPFERER, Bruce. Nationalist Ideology and a Comparative Anthropology. Ethnos, 54 (3-4), 1989, p.161-199.

LUCIANO, Gersem. J. dos S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: MEC/SECAD; LACED/Museu Nacional, (Coleção Educação Para Todos. Série Vias dos Saberes n. 1), 2006.

MERLAN, Francesca. Child Sexual Abuse: The Intervention Trigger. In: HINKSON, M.; ALTMAN, J. (eds.) Culture in Crisis: Anthropology and Politics in Aboriginal Australia, UNSW Press, Sydney, 2010, p.116-135.

NORTHERN TERRITORY BOARD OF INQUIRY INTO THE PROTECTION OF ABORIGINAL CHILDREN FROM SEXUAL ABUSE, Ampe Akelyernemane Meke Mekarle ‘Little Children are Sa-cred’, Report of the Northern Territory Board of Inquiry into the Protection of Aboriginal Children from Sexual Abuse, Darwin, Northern Territory Government, 2007.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Os instrumentos de bordo: expectativas e possibilidades do trabalho do antropólogo em laudos periciais. In: OLIVEIRA, J. P. de (org.) Indigenismo e territorialização: poderes, rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria Ltda., 1998, p.269-295.

OLIVEIRA, João Pacheco de; IGLESIAS, Marcelo. P. As demarcações participativas e o fortalecimento das organizações indígenas. In: LIMA, A. C. de S.; BARROSO-HOFFMANN, M. (orgs.) Estado e Povos Indígenas: bases para uma nova política indigenista II. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/LACED, 2002, p.41-68.

PAINE, Robert. (ed.) Advocacy and Anthropology, First Encounters. St. John is: Institute of Social and Economic Research, Memorial University of Newfoundland, 1985.

PEIRANO, Mariza G. S. The Anthropology of Anthropology: the Brazilian case, (Doctoral Thesis, Harvard University, 1981), Série Antropologia, Nº 110, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, 1991.

PETERSON, Nicolas. Other peoples lives: Secular assimilation, culture and ungovernability. In: ALT-MAN, J.; HINKSON, M., Culture Crisis: Anthropology and Politics in Aboriginal Australia, UNSW Press, Sydney, 2010, p. 248-258.

POVINELLI, Elizabeth. A. Indigenist politics in late liberalism. In: ALTMAN, J.; HINKMAN, M., Culture Crisis: Anthropology and Politics in Aboriginal Australia, UNSW Press, Sydney, 2010, p.17-30.

RAMOS, Alcida Rita. 1990. Ethnology Brazilian Style. Cultural Anthropology, 5(4), p.452-472.

RAMOS, Alcida Rita. Indigenism: ethnic politics in Brazil. Madison: The University of Wisconsin Press, 1998.

RITTER, David. The Native Title Market. Crawley, Western Australia: University of Western Australia Press, 2009.

SUTTON, Peter. The politics of suffering: Indigenous policy in Australia since the 1970s. Anthropolo-gical Forum, Vol. 11, No. 2, p. 125-172, 2001.

SUTTON, Peter. The Politics of Suffering: Indigenous Australia and the end of the liberal consensus. Carleton, Victoria: Melbourne University Press, 2009.

TEÓFILO DA SILVA, Cristhian. Cativando Maira: a sobrevivência avá-canoeiro no alto rio Tocantins. São Paulo: Annablume, 2005.

WALDRAM, James B., 1993. Some limits to advocacy anthropology in the native Canadian context. In: DYCK, N.; WALDRAM, J.B., (orgs.) 1993 - Anthropology, Public Policy and native Peoples in Cana-da. Montreal & Kingston, London, Buffalo: McGill-Queen’s University Press. Capítulo 12, p.293-310.

Downloads

Publicado

2015-08-01

Como Citar

BAINES, Stephen Grant. Antropologia e Políticas Indigenistas no Brasil, no Canadá e na Austrália: os desafios à prática antropológica em diversos contextos nacionais. Revista de Estudos em Relações Interétnicas | Interethnica, [S. l.], v. 19, n. 1, 2015. DOI: 10.26512/interethnica.v19i1.15339. Disponível em: https://www.periodicos.unb.br/index.php/interethnica/article/view/15339. Acesso em: 1 jun. 2024.