As estratégias para aprovação do monumento a Carlos Marighella na Alameda Casa Branca, em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442025v18e55895Palavras-chave:
Carlos Marighella, Monumento, Memória, Ditadura civil-militarResumo
Instalado em 1999, o monumento a Carlos Marighella (1911-1969) está localizado na Alameda Casa Branca, em São Paulo, local onde o guerrilheiro foi assassinado em 1969. Fruto de uma iniciativa da sociedade civil, a obra foi aprovada pela Prefeitura de São Paulo e hoje integra o patrimônio municipal da cidade. Este artigo aborda as estratégias adotadas para conseguir o aval da prefeitura, na época comandada por Celso Pitta, a um monumento que homenageia uma das principais lideranças de esquerda do país. São analisadas quais narrativas em torno de Marighella foram mobilizadas no processo de aprovação do monumento, identificando os atores e estratégias envolvidas na legitimação da obra. A partir de fontes de imprensa, documentos e entrevistas com os envolvidos no projeto, além de referências bibliográficas, o artigo aborda como a memória de Marighella, e da própria experiência da luta armada, é fonte de disputa na sociedade. Mostra, ainda, como as tensões entre lembrança e esquecimento são utilizadas e moldadas conforme as necessidades e estratégias dos movimentos políticos.
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