Sistema de Justiça Criminal

do racismo estrutural ao racismo reestruturado

Autores

  • Deborah F C Gomes Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Controle Sociorracial, Marcadores sociais da diferença, Necropolítica, Políticas Públicas Antirracistas

Resumo

O presente artigo oferece uma avaliação sobre os níveis de desigualdade social quanto à garantia de direitos sob o prisma sociorracial a partir da análise sobre os marcadores sociais de diferença. Trata-se de pesquisa documental elaborada a partir de revisão bibliográfica interdisciplinar com acréscimos analíticos obtidos por meio de estatística descritiva que visa possibilitar uma análise sociocriminal crítica. Como resultado, apresentam-se reflexões sobre o aniquilamento operado sobre a população negra dentro de suas balizas de sustentação política, jurídica, ideológica e operacional. Evidencia-se a necessidade de novas metodologias para produção de conhecimento, incluindo os desafios metodológicos e epistemológicos para o desenho de políticas públicas, como forma de reestruturar a atividade estatal rumo à experienciação democrática por meio da dupla via do conhecimento e reconhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Deborah F C Gomes, Universidade Federal de Goiás

Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Direito e Políticas Púbicas da Universidade Federal de Goiás. Especialista em Direito Constitucional.  Graduada em Direito pela Universidade Federal de Goiás.  Pesquisadora com foco no campo da Segurança Pública, Políticas Públicas e Efetividade Constitucional.

Referências

ALVES, Dina. Vidas marginais: A produção da “mulher negra delinquente” na criminologia. In: Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira São Paulo: IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2020. (Curso Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira)

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. 3ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

AVELAR, Laís da Silva; NOVAES, Bruna Portella de. Há mortes anteriores à morte: politizando o genocídio negro dos meios através do controle urbano racializado. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 25, n. 135, p. 343-376., set. 2017.

BATISTA, Vera Malaguti de Souza Weglinski. Medo, genocídio e o lugar da ciência. Discursos Sediciosos: crime, direito e sociedade, Rio de Janeiro, v. 4, 7/8, p. 135-142., 1999.

BOYCE, Robert. Falácias na interpretação de dados históricos e sociais. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Org). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução Pedrinho Guareschi. 13. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

BRASIL, Ministério da Justiça e Segurança Pública. Análise Criminal 1 – Versão Atualizada. Ministério da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional de Segurança Pública. Brasília, 2017.

BRASIL, Ministério da Justiça. INFOPEN – Levantamento nacional de informações penitenciárias. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional, 2017b.

BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Governo. Índice de vulnerabilidade juvenil à violência 2017: desigualdade racial, municípios com mais de 100 mil habitantes. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2017.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo – Feusp. (Tese de doutorado). São Paulo, 2005.

COELHO, Saulo de Oliveira. Reconhecimento, Experiência e Historicidade: considerações para uma compreensão dos Direitos Humano-Fundamentais como (in)variáveis principiológicas do Direito nas sociedades democráticas contemporâneas. In: SOBREIA; FARIAS; OLIVEIRA JR. Filosofia do Direito. Florianópolis: Conpedi/FUNJAB, 2012, p. 289-310

COELHO, Saulo Pinto Coelho. Desarrollo Humano Crítico-Inclusivo: crítica del derecho al desarrollo y desarrollo crítico del derecho. In: Moyano; Coelho; Mayos. (Org.). Posdisciplinariedad y Desarrollo Humano: entre pensamiento y política. 1ed.Barcelona: Linkgua, 2014, v., p. 41-63

DUARTE, Evandro Piza. Editorial: direito penal, criminologia e racismo. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 25, n. 135, p. 17-48., set. 2017.

ENGELMANN, Fabiano. Para uma Sociologia Política das instituições judiciais. In: Sociologia política das instituições judiciais. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2017, p.17-38.

FACHIN, Melina Girardi. Fundamentos dos direitos humanos — teoria e práxis na cultura da tolerância. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.

FERREIRA, Gianmarco Loures; IGREJA, Rebecca Lemos. A trajetória da Teoria Crítica da Raça: história, conceitos e reflexões para pensar o Brasil. Revista Teoria Jurídica Contemporânea, Brasília, v. 3, n.1, p.62-79, Jan/Jul.2017.

FLAUZINA, Ana Luiza (et. al.). Discursos Negros: Legislação penal, Política Criminal e Racismo. Brasília, Brado Negro, 2018.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. A medida da dor: politizando o sofrimento negro. In: Encrespando - Anais do I Seminário Internacional: Refletindo a Década Internacional dos Afrodescentendes (ONU, 2015-2024). Brasília: Brado Negro, 2016, p.63-74.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado Brasileiro. Dissertação (Mestrado em Direito), Universidade de Brasília. Brasília, 2006. 145 p.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA - FBSP. Infográfico da Consciência Negra: A violência contra negros e negras no Brasil. São Paulo: 2019.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Tradução: Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo Jardim Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FREITAS, Felipe. Novas perguntas para criminologia brasileira: poder, racismo e direito no centro da roda. Revista Crítica de Humanidades - CEAS, Salvador, n. 238 (2016), p.488-499.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência - 2019. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2019.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência - 2020. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2020.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Faces da desigualdade de gênero e raça no Brasil. Organizadoras: Alinne de Lima Bonetti, Maria Aparecida A. Abreu. – Brasília: Ipea, 2011.

MBAMBE, Achille. Necropolítica: biopoder e soberania. Revista Arte & Ensaios – UFRJ. Rio de Janeiro, n. 32, p.123-151, dez. 2016.

MIRANDA, Isabella. A necropolítica criminal brasileira: do epistemicídio criminológico ao silenciamento do genocídio racializado. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 25, n. 135, p. 231-268., set. 2017. Acesso em: 25 jun. 2019.

MOORE, Carlos. Racismo e sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007, p.279-295.

MUNIZ, Jeronimo Oliveira. Inconsistências e consequências da variável raça para a mensuração de desigualdades. Civitas - Revista Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 16, n. 2, 62, Jun. 2016.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Editora Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1978.

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo soc., São Paulo, v. 19, n. 1, p. 287-308, Jun. 2007.

PERREIRA, Cleifson Dias. Necropolítica. In: Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira São Paulo: IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2020. (Curso Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira).

PRATA, Caio Luís; LEITE, Taylisi de Souza Corrêa. O Estado Burguês como construção estruturante do encarceramento e genocídio do povo preto no Brasil. Revista de Estudos Jurídicos – Unesp, v. 22, n. 35, Franca, São Paulo, p.303-327, 2018.

RESENDE, João Paulo de; ANDRADE, Mônica Viegas. Crime social, castigo social: desigualdade de renda e taxas de criminalidade nos grandes municípios brasileiros. Estud. Econ., São Paulo , v. 41, n. 1, p. 173-195, Mar. 2011.

ROSA, Waldemir. Sexo e cor: categorias de controle social e reprodução das desigualdades socioeconômicas no brasil. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 17, n. 3, p. 889-899, 2009.

SANTOS, Bartira Macedo de. Defesa social: uma visão crítica. São Paulo: Estúdio Editores, 2015.

SANTOS, Boaventura Souza. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. Porto: Edições Afrontamento, 2006.

SANTOS, Boaventura Souza. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Novos Estudos CEBRAP, nº 79, nov. 2007, p. 71-94.

SILVA, Caroline Lyrio Silva; PIRES, Thula Rafaela de Oliveira. Teoria Crítica da Raça como referencial teórico necessário para pensar a relação entre Direito e Racismo no Brasil. In: Anais... Direitos dos conhecimentos [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI/UFS. Florianópolis: CONPEDI, 2015.

SOUZA, Jessé. (Sub)cidadania e naturalização da desigualdade: um estudo sobre o imaginário social na modernidade periférica. Revista de Ciências Sociais, n.22, abr/2005, p.67-96.

SOUZA, Jessé. Subcidadania brasileira: para entender o país além do jeitinho brasileiro.Rio de Janeiro: LeYa, 2018.

TERRA, Terra Johari. O controle da população negra no período pós-abolição: do final do século XIX aos nossos dias. In: Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira São Paulo: IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2020. (Curso Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira).

VALVERDE, Danielle Oliveira; STOCCO, Lauro. Notas para a interpretação das desigualdades raciais na educação. In: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Faces da desigualdade de gênero e raça no Brasil. Brasília: Ipea, 2011.

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Coleção Pensamento Criminológico. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

XAVIER, Juarez Tadeu de Paula. O pensamento clássico antirracista e anticolonialista no mundo ocidental. In: Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira São Paulo: IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2020. (Curso Aspectos da Necropolítica Criminal Brasileira).

Downloads

Publicado

24.11.2022

Como Citar

F C GOMES, Deborah. Sistema de Justiça Criminal: do racismo estrutural ao racismo reestruturado. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 2, n. 01, p. 8–34, 2022. Disponível em: https://www.periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/41865. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Política de Desencarceramento e Questão Penitenciária