Concepções de Masculinidade Hegemônica como Mediadora do Sexismo Direcionado às Mulheres

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/0102.3772e39506.en

Palavras-chave:

Masculinidade, Sexismo, Preconceito, Identidade social, Cultura da honra

Resumo

Este artigo analisa a relação entre identidade masculina e sexismo ambivalente, tomando as concepções de masculinidade e a cultura da honra como variáveis mediadoras dessa relação. Para alcançar este objetivo, foram realizados dois estudos com participantes homens de duas regiões do país, Centro-oeste (119 participantes) e Nordeste (117 participantes). Os resultados indicaram que as concepções de masculinidade são mediadoras da relação entre identidade masculina e o sexismo ambivalente. Em contraste, a cultura da honra não se manteve significativa no modelo da mediação. Conclui-se que a concepção de uma masculinidade, baseada em preceitos hegemônicos de gênero, reafirma a superioridade masculina em detrimento à feminina, e naturaliza práticas de sexismo e comportamentos violentos em defesa da manutenção da identidade masculina.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Albuquerque Júnior, D. M. (2013). Nordestino: invenção do "falo" - Uma história do gênero masculino (1920-1940) 2ªed. Intermeios.

Araújo, R. C. R. (2016). Honra, valores humanos e traços de personalidade: a influência cultural Dissertação de Mestrado. Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB. Brasil.

Atlas da violência 2020. Organizadores: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. https://dx.doi.org/10.38116.riatlasdaviolencia2020

Baron, R. M., & Kenny, D. A. (1986). The moderator-mediator variable distinction in social psychological research: Conceptual, strategic, and statistical considerations.Journal of Personality and Social Psychology, 51(6), 1173-1182.https://doi.org/10.1037/0022-3514.51.6.1173

Bosson, J. K., & Michniewicz, K. S. (2013). Gender dichotomization at the level of ingroup identity: What it is, and why men use it more than women.Journal of Personality and Social Psychology, 105(3), 425-442.https://doi.org/10.1037/a0033126

Brewer, M. (1999). The psychology of prejudice: Intergroup love or outgroup hate. Journal of Social Issues, 55, 429-444.

Capraro, R. L. (2000). Why College Men Drink: Alcohol, Adventure, and the Paradox of Masculinity. Journal of American College Health, 48(6), 307-315 https://doi.org/10.1080/07448480009596272

Cecchetto, F., Oliveira, Q. B. M., Njaine, K., & Minayo, M. C. S. (2016). Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades brasileiras.Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 20(59),853-864.https://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0082

Cohen, D., Nisbett, R. E., (1996). Culture of Honor: The Psychology of Violence in the South Westview Press Inc.

Connell, R. W.; Messerschmidt, J. W. (2013) Masculinidade Hegemônica: repensando o conceito. In: Estudos Feministas, Florianópolis, 21(1): 424 pp. 241-282. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100014

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Relatório Mundial de Homicídios (2017). https://www.unodc.org/documents/data-and-analysis/gsh/Booklet1.pdf

Ferreira, M. C. (2004). Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero.Temas em Psicologia, 12(2), 119-126. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2004000200004

Gilmore, D. D. (1990).Manhood in the making: Cultural concepts of masculinity Yale University Press.

Giordano, P. C., Longmore, M. A., & Manning, W. D. (2006). Gender and the Meanings of Adolescent Romantic Relationships: A Focus on Boys. American Sociological Review, 71(2), 260-287https://doi.org/10.1177/000312240607100205

Glick, P., Wilkerson, M. & Cuffe, M. (2015). Masculine Identity, Ambivalent Sexism, and Attitudes Toward Gender Subtypes. Social Psychology 46. 1-8. https://doi.org/10.1027/1864-9335/a000228

Glick, P., & Fiske, S. T. (1996). The Ambivalent Sexism Inventory: Differentiating Hostile and Benevolent Sexism. Journal of Personality and Social Psychology, 70(3), 491-512. https://doi.org/10.1037/0022-3514.70.3.491

Glick, P., & Fiske, S. T. (2001). An ambivalent alliance: Hostile and benevolent sexism as complementary justifications for gender inequality.American Psychologist, 56(2), 109-118.https://doi.org/10.1037/0003-066X.56.2.109

Gomes, R. & Nascimento, E. F. (2006) A produção do conhecimento da saúde pública sobre a relação homem-saúde: uma revisão bibliográfica.Cad. Saúde Pública, v.22, n.5, p.901-11, 2006. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000500003

Guerra, V. M., Scarpati, A. S, Duarte, C. N. B., Silva, C. V. da, & Motta, T. A. (2014). Ser homem é...: adaptação da escala de concepções da masculinidade.Psico-USF,19(1), 155-165.https://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712014000100015

Guerra, V. M., Scarpati, A. S., Brasil, J. A., Livramento, A. M., & Silva, C. V. (2015). Concepções de masculinidade: Suas associações com os valores e a honra. Psicologia e Saber Social, 4, 72-88. https://doi.org/10.12957/psi.saber.soc.2015.14840

Hayes, A. F. (2013). Introduction to Mediation, Moderation, and Conditional Process Analysis: A Regression-Based Approach Guilford Publications. http://www.afhayes.com/

Henry, P. J. (2009). Low-Status Compensation: A theory for understanding the role of status in cultures of honor. Journal of Personality and Social Psychology, 97(3), 451-466. https://doi.org/10.1037/a0015476

Herek, G. (2004). Beyond "homophobia": Thinking about sexual prejudice and stigma in the twenty-first century.Sexuality Research & Social Policy, 1, 6-24. https://doi.org/10.1525/srsp.2004.1.2.6

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. https://www.ibge.gov.br/geociencias novoportal/cartas-e-mapas/mapas-regionais/15974-semiarido brasileiro.html?=&t=downloads

novoportal/cartas-e-mapas/mapas-regionais/15974-semiarido brasileiro.html?=&t=downloads

Johnson, L. L., & Lipsett-Rivera, S. (1998). The faces of honor: Sex, shame, and violence in colonial Latin America University of New Mexico Press.

Levant, R. F., Good, G. E., Cook, S. W., O'Neil, J. M., Smalley, K. B., Owen, K., & Richmond, K. (2006). The normative Male Alexithymia Scale: Measurement of a gender-linked syndrome.Psychology of Men & Masculinity, 7(4), 212-224. https://doi.org/10.1037/1524-9220.7.4.212

ONU Mulheres. (2020). Acabar com a violência contra as mulheres no contexto do COVID-19 (2020) http://www.onumulheres.org.br/noticias/acabarcom-a-violencia-contra-as mulheres-no-context

Oransky, M., & Fisher, C. (2009). The Development and Validation of the Meanings of Adolescent Masculinity Scale. Psychology of Men & Masculinity, 10(1), 57-72. http://dx.doi.org/10.1037/a0013612

Oransky, M., & Marecek, J. (2009). “I’m Not Going to Be a Girl”: Masculinity and Emotions in Boys’ Friendships and Peer Groups. Journal of Adolescent Research, 24(2), 218-241. https://doi.org/10.1177/0743558408329951

Preacher, K. J., & Hayes, A. F. (2008). Asymptotic and resampling strategies for assessing and comparing indirect effects in multiple mediator models. Behavior Research Methods, 40(3), 879-891. https://doi.org/10.3758/BRM.40.3.879

Roccas, S. & Brewer, M. B. (2002). Social Identity Complexity. Personality and Social Psychology Review. Vol. 6, No. 2, 88-106. Ed. Sage Publications https://doi.org/10.1207/S15327957PSPR0602_01

Rodriguez Mosquera, P. M., Fischer, A. H., Manstead, A. S. R. e Zaalber, R. (2008). Attack, disapproval, or withdrawal? The role of honour in anger and shame responses to being insulted. Cognition and Emotion, 22(8), pp. 1471 - 1498. https://doi.org/10.1080/02699930701822272

Rodriguez Mosquera, P. M., Manstead, A. S. R., & Fischer, A. H. (2002). The role of honor concerns in emotional reactions to offenses. Cognition and Emotion, 16, 143-164 https://doi.org/10.1080/02699930143000167

Salvian, M. (2016). Multicolinearidade USP - Piracicaba. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2340848/mod_resource/content/0/Mayara_Multcolinearidade.pdf

Saucier, D. A., Stanford, A. J., Miller, S. S., Martens, A. L., Miller, A. K., Jones, T. L., McManus, J. L., & Burns, M. D. (2016). Masculine honor beliefs: Measurement and correlates. Personality and Individual Differences, 94, 75. https://doi.org/10.1016/j.paid.2015.12.049

Saucier, D., Strain, M., Hockett, J., & Mcmanus, J. (2015). Stereotypic Beliefs About Masculine Honor Are Associated With Perceptions of Rape and Women Who Have Been Raped. Social Psychology 46. 1-14. https://doi.org/10.1027/1864-9335/a000240

Scardua, A.; Souza Filho, E. A. (2006). O debate sobre a homossexualidade mediado por representações sociais: perspectivas homossexuais e heterossexuais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19(3), 482-490. https://doi.org/10.1590/S0102-79722006000300017

Souza, M. G. T. C. (2015). Cultura da Honra e Homicídios em Pernambuco: um novo modelo psicocultural'. Tese de Doutorado em Psicologia Cognitiva Universidade Federal De Pernambuco, Recife/PE. Brasil.

Souza, M. G. T. C., Souza, B.C., Roazzi, A., Silva, E.S. (2017). Psychocultural Mechanisms of the Propensity toward Criminal Homicide: A Multidimensional View of the Culture of Honor. Front. Psychol 8:1872. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.01872

Souza, M. G., Souza, B. C., Bilsky, W., & Roazzi, A. (2016). The culture of honor as the best explanation for the high rates of criminal homicide in Pernambuco: A comparative study with 160 convicts and non-convicts. Anuario de Psicología Jurídica, 26, 114-121. https://doi.org/10.1016/j.apj.2015.03.001

Tajfel, H. (1983). Grupos humanos e categorias sociais: Estudos em psicologia social v. II, Livros Horizonte.

Tomas, A. B. (2016). Honor Culture in Brazil: Assessing Intra-Cultural Variation 2016. Thesis (Master of Arts in Sociology) - University of Nevada, Reno. United States of America.

Vandello, J. & Cohen, D. (2003). Male Honor and Female Fidelity: Implicit Cultural Scripts that Perpetuate Domestic Violence. Journal of personality and social psychology 84. 997-1010. https://doi.org/10.1037/0022-3514.84.5.997

Vandello, J. A., & Bosson, J. K. (2013). Hard won and easily lost: A review and synthesis of theory and research on precarious manhood.Psychology of Men & Masculinity, 14(2), 101-113.https://doi.org/10.1037/a0029826

Vandello, J. A., Bosson, J. K., Cohen, D., Burnaford, R. M., & Weaver, J. R. (2008). Precarious manhood.Journal of Personality and Social Psychology, 95(6), 1325-1339.https://doi.org/10.1037/a0012453

Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil - ed. 3. (2021) / Organizadores: Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). ISBN 978-65-89596-08-0. https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/06/relatorio-visivel-e-invisivel-3ed-2021-v3.pdf

Wade, J. C., & Brittan-Powell, C. (2001). Men's attitudes toward race and gender equity: The importance of masculinity ideology, gender-related traits, and reference group identity dependence.Psychology of Men & Masculinity, 2(1), 42-50.https://doi.org/10.1037/1524-9220.2.1.42

Welzer-Lang D. (2001) A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Revista Estudos Feministas 2001; 2:460-82. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2001000200008

Zavalloni, M. & Louis-guerin, C. (1984). Identité sociale et conscience - Introduction à l'égoécologie Les Presses de l'Université de Montréal.

Publicado

2023-09-11

Como Citar

Souza, C. V. B. de S., Lima, M. E. O. L., & Ferreira, D. C. S. F. (2023). Concepções de Masculinidade Hegemônica como Mediadora do Sexismo Direcionado às Mulheres. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 39. https://doi.org/10.1590/0102.3772e39506.en

Edição

Seção

Estudos Empíricos