BRASÍLIA: DO MITO AO PLANO, DA CIDADE SONHADA À CIDADE ADMINISTRATIVA

Autores

  • Marília Luíza Peluso UnB - Universidade de Brasília - Departamento de Geografia Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, 70910-900, Brasília, DF, Brasil.

Palavras-chave:

Arquitetura modernista, mercado imobiliário, processo eleitoral, áreas públicas, representações sociais

Resumo

A construção da Capital da República funda-se num passado gestado em três momentos históricos que se articulam para produzir as formas modernas de Brasília: o primeiro corresponde à emergência da arquitetura modernista; o segundo, ancora-se no uso mítico dessa arquitetura para representar o progresso do país e o terceiro, no confronto entre a modernização e a realidade nacional. As práticas sociais decorrentes dos três momentos materializaram a estrutura urbana, na qual a preservação do espaçomodelo do Plano Piloto implicou na polinucleação urbana para fazer frente ao crescimento demográfico, às demandas habitacionais e ao mercado imobiliário. O processo eleitoral incorporou a prática dos agentes sociais, o que dificultou a preservação do território. Como resultado, no que seria o quarto momento, que mescla o antigo e o novo e aponta para o futuro, as áreas públicas vão sendo loteadas e invadidas, colocando em risco o patrimônio cultural do centro urbano, o Plano Piloto, e o patrimônio ambiental do conjunto do Distrito Federal. Nesse momento, a cidade mítica da fundação entra em contradição com a cidade administrativa da vida real e compatibilizá-las implica em soluções apropriadas e originais de planejamento.

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Publicado

01/21/2022

Como Citar

Peluso, M. L. (2022). BRASÍLIA: DO MITO AO PLANO, DA CIDADE SONHADA À CIDADE ADMINISTRATIVA. Revista Espaço E Geografia, 6(2), 1–29. Recuperado de https://www.periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/39715

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Artigos