ESCALA E ESCALA POLÍTICA: COMO A GEOGRAFIA PODE APONTAR A FRAGILIDADE NA TEORIA DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

Autores

  • Daniel A. de Azevedo Professor Adjunto do Departamento de Geografia – UnB

Palavras-chave:

modelos de democracia, geografia política, epistemologia da geografia, democracia

Resumo

O conceito de escala é, sem dúvida, um dos mais importantes para as análises geográficas. Apesar de alguns textos já considerados clássicos na Geografia brasileira abordarem o tema, é sempre importante revisitá-lo e atualizá-lo constantemente, a fim de não naturalizar um conceito que possui uma complexidade epistemológica e ontológica que não pode ser esquecida. O objetivo central desse artigo é trazer o debate da escala para diferenciá-la da ideia de escala política e demonstrar como sua importância dentro da Geografia pode ajudar a pensar os modelos de democracia, especialmente a democracia participativa. A partir da defesa da escala política como uma categoria da prática e mediadora da ação e da intenção, o artigo demonstra que a base teórica da democracia participativa erra ao naturalizar características políticas para as escalas políticas, correndo o risco de despolitizar fenômenos que são, acima de tudo, construções sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARRETCHE, M. T. S. (1996). Mitos da descentralização: mais democracia e efi ciência nas políticas públicas? Revista Brasileira de Ciência Sociais, n.31, ano 11, p.44-66.

AVRITZER, L. (2009). Participatory Institutions in Democratic Brazil. Washington DC: Woodrow Wilson Center Press.

AZEVEDO, D. A. (2018). Os limites da democracia participativa: uma análise a partir dos Conselhos Municipais no Rio de Janeiro. GEOgraphia, vol.20, n.43, p. 54-70.

_____. (2019). O anonimato espacial como um impasse metodoló gico na pesquisa geográ fi ca e uma refl exã o ontoló gica. Caminhos de Geografi a, v.20, n.70, p.585-604.

AZEVEDO, D. A.; SOTELO, L. S. P. (2018). La ingenierí a polí tico-geográ fi ca de la democracia participativa en la Ciudad de Mé xico: los Comité s Ciudadanos. Revista Espaço Aberto. PPGG - UFRJ, Rio de Janeiro, V. 8, N.1, p. 7-24.

BRENNER, N. (1997). State territorial restructuring and the production of spatial scale: urban and regional planning in the Federal Republic of Germany. 1960-1990. Political Geography n. 16, p. 273-300.

CASTRO, I. E. (1995). O problema da escala. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. da C; CORRÊA, R. L. (org.). Geografi a: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p.118-140.

_____. (2005). Geografi a e Política: território, escalas de ação e instituições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

_____. (2012). O espaço político: limites e possibilidades do conceito. In: Iná Elias de Castro, Paulo César Gomes e Roberto Lobato Corrêa. Olhares Geográfi cos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p.43-73.

_____. (2014). Escala e pesquisa na geografi a. Problema ou solução? Revista Espaço Aberto, UFRJ, v. 4, n.1, p. 87-100.

_____. (2018). Espaço Político. GEOgraphia, vol.20, n.43, p.170-181.

COLEMAN, M.; AGNEW, J. (2018). Handbook on the Geographies of Power. Cheltenham: Edward Elgar Publishing.

COSTA, W. M. (2010). Geografi a Política e Geopolítica. São Paulo: EdUsp.

COX, K. (1998). Spaces of dependence, spaces of engagement and the politics of scale, or, looking for local politics. Political Geography, 17, p. 1-24.

DAHL, R. (2009). Sobre a democracia. Brasília: Universidade da UnB.

DAHLMAN, C.T. (2010). Scale. In: Key concepts in political geography. In: C. Gallaher et al. Londres: Sage, p. 189-97.

FLINT, C.; TAYLOR, P. (2011 [1985]). Political Geography: world-economy, nationstate and locality. London: Prentice Hall.

GRANDI, M. S. (2015). A Construção escalar da ação no movimento dos sem-teto. Tese de Doutorado: PPGG, UFRJ.

HAMILTON, A.; MADISON, J.; JAY, J. (2003 [1787]). O federalista. Belo Horizonte: Ed. Líder.

HAROD, A. (2011). Scale. Nova York: Routdlege.

HARVEY, D. (1982). The limits to capital. Oxford: Blackwell.

HELD, D. (2012). Modelos de Democracia. Madrid: Alianza Editorial.

HOEFLE, S.W. (2006). Eliminating scale and killing the goose that laid the Golden eggs? Flat ontology and the deconstruction of scale:a response to Marston, Jones and Woodward. Transactions of the Institute of Britsh Geographers, v.3, n.2, p. 238-43.

HOWITT, R. (1998). Scale as relation: musical metaphors of geographical scale. Area, n. 30 (1), p. 49–58.

_____. (2002). Scale and the other: Levinas and geography. GeoForum, 33, p.299-313.

JONES, K.T. (1998). Scale as epistemology. Political Geography, v.17, n.1, p. 25-8.

JUDD, D. R. (1998). The case of missing scales: a commentary on Cox. Political Geography, v.17, n.1, p. 29-34.

LACOSTE, Y. (1988). A geografi a – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus.

LAVALLE, A. G. (2011). Participação: valor, utilidade, efeitos e causa. In: PIRES, Roberto Rocha C (org). Efetividade das instituições participativas no Brasil: estratégias de avaliação. Diálogos para o desenvolvimento: volume 7. Brasília: IPEA, p.33-42.

LEAL, V. N. (2012 [1948]). Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.

LEFEBVRE, H. (1991 [1974]). The production of space. Oxford: Blackwell.

MABILEAU, A. (1993). La recherche du “local”. Paris: L’Harmattan.

MACKINNON, D. (2010). Reconstructing scale: towards a new scalar politics. Progress in Human Geography, n.35 (1), p.21-36.

MARSTON, S. (2010). The social construction of scale. Progress in Human Geography, n.24, p. 219–242.

MARSTON, S.A., JONES, J.P. III e WOODWARD, K. (2005). Human geography whithout scale. Transactions of the Institute of Britsh Geographers, New Series, 3-34, p. 416-32.

MOORE, A. (2008). Rethinking scale as a geographical category: from analysis to practice. Progress in Human Geography, n. 32 (2), p.203-225.

PAASI, A. (2004). Place and region: looking through the prism of scale Progress in Human Geography 28, p. 536–46.

PATEMAN, C. (1970). Participation and Democratic Theory. Londres: Cambridge University Press.

_____. (2012). Participatory Democracy Revisited. Perspectives on Politics, v.10, n. 1, p.7-19.

PITKIN, H. F. (2006). Representação: palavras, instituições e ideias. Lua Nova, São Paulo, 67, p.15-47.

RODRIGUES, J. N.; MOSCARELLI, F. (2015). Os desafi os do pacto federativo e da gestã o territorial compartilhada na conduç ã o das polí ticas pú blicas brasileiras. GEOTEXTOS (ONLINE), v. 11, p. 139-166.

RODRIGUES, J. N.; AZEVEDO, D. A. (2020). Pandemia do conoravírus e (des) coordenação federativa: evidências de um confl ito político-territorial. Revista Espaço e Economia, n.18, ano IX, p.1-12.

SANTOS JÚNIOR, O. A. S.; RIBEIRO, L. C. Q.; AZEVEDO, S. (2004). Governança democrática e poder local: a experiência dos conselhos municipais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, Fase.

SMITH, N. (1984). Uneven development: nature, capital and the production of space. Oxford: Brasil Backwell.

_________. (1993). Homeless/global:scaling places. In: BIRD, J. et al, (org.). Papping the futures: local cultures, global changes. Londres: Routledge, p. 87-119.

SOUZA, M. L. (2013). Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

SWYNGEDOUW, E. (1997). ‘Neither Global nor Local: “Glocalisation” and the Politics of Scale’, in: K. Cox (Ed.), Spaces of Globalization: Reasserting the Power of the Local (New York and London, Guilford/Longman), p.35-49.

_____. (2004). Scaled geographies: Nature, place, and the politics of scale. In: SHEPPARD, E. McMASTER, R. (orgs.). Scale and Geographic Inquiry. Oxford: Blackwell, p. 129–153.

TAYLOR, P. (1982). A materialist framework for political geography. Transactions, Institute of British Geographer, n.7, p.15-34.

_____. (1987). The paradox of geographical scale in Marx’s Politics. Antipode, 19, p.287-306.

_____. (1989). The world-systems project. In: JOHNSTON, R. J.; TAYLOR, P. (orgs.). World in crisis? Oxford: Blackwell.

TENÓRIO, F. G.; KRONEMBERGER, T. S (orgs) (2016). Gestão social e conselhos gestores. Volumes 3. Rio de Janeiro: FGV.

TOCQUEVILLE, A. (2010 [1835]). Democracia na América. Editora Folha de São Paulo.

ZAREMBERG, G. (2012). We’re either burned or frozen out: society and party systems in Latin American Municipal Development Councils (Nicaragua, Venezuela, Mexico and Brazil). In: CAMERON, M. A.; HERSHBERG, E.; SHARPE, K. E. New Institutions for participatory democracy in Latin America: voice and consequence. New York: Palgrave Macmillan, p.21-51.

Downloads

Publicado

01/21/2022

Como Citar

A. de Azevedo, D. . (2022). ESCALA E ESCALA POLÍTICA: COMO A GEOGRAFIA PODE APONTAR A FRAGILIDADE NA TEORIA DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA. Revista Espaço E Geografia, 23(1), 149–184. Recuperado de https://www.periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/40185

Edição

Seção

Artigos