A SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS AGROEXTRATIVISTAS DO SUL DO AMAPÁ

Autores

  • Antônio Sérgio Monteiro Filocreão Universidade Federal do Amapá – UNIFAP Rod. JK, km 02 - Jardim Marco Zero, Macapá - AP, CEP: 68903-419, Brasil
  • Irenildo Costa da Silva Universidade de São Paulo – USP R. da Reitoria, 374 – Butantã, São Paulo – SP, CEP: 05508-220, Brasil
  • Roni Mayer Lomba Universidade Fedral do Amapá – UNIFAP Rod. JK, km 02 - Jardim Marco Zero, Macapá - AP, CEP: 68903-419, Brasil

Palavras-chave:

Agroecologia, Amazônia, Desenvolvimento rural, Extrativismo

Resumo

O objetivo deste artigo consistiu em investigar a sustentabilidade dos sistemas agroextrativistas desenvolvidos na região Sul do estado do Amapá sob os critérios da agroecologia, com o desenvolvimento de uma pesquisa socioambiental nas áreas com forte tradição extrativista para avaliar a associação agricultura com atividades de coleta em unidades familiares agroextrativistas. Os dois sistemas avaliados na pesquisa socioambiental foram os sistemas de castanha do Brasil e agricultura e o de açaí e agricultura. Ao todo, foram aplicados 60 formulários, sendo 30 nos espaços caracterizados pelo sistema castanha e agricultura e 30 nos espaços de sistema açaí e agricultura. A pesquisa requereu a construção de indicadores de sustentabilidade (social, econômico e ambiental), com ponderações, para a comparação entre os dois sistemas analisados. A construção dos indicadores de sustentabilidade socioambiental foi possível por meio do uso de 879 variáveis (47 no indicador ambiental, 399 no social e 433 no econômico) do tipo categóricas distribuídas em atividades com potencial de impactos negativos diretos sobre o meio ambiente e a qualidade de vida das populações que sobrevivem do agroextrativismo no Sul do Amapá. Os resultados mostraram que as diferenças na sustentabilidade são pequenas em favor do sistema dos castanhais. Pode-se afirmar que a sustentabilidade socioambiental nos dois sistemas de produção em uma escala de alta, média e baixa na amplitude de 0 a 1, encontra-se numa situação de média sustentabilidade socioambiental, aferido nos 3 indicadores, o que está dentro do esperado para os espaços de uso especial para o agroextrativismo  no Amapá.

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Publicado

01/21/2022

Como Citar

Monteiro Filocreão, A. S., Costa da Silva, I., & Mayer Lomba, R. (2022). A SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS AGROEXTRATIVISTAS DO SUL DO AMAPÁ. Revista Espaço E Geografia, 22(2), 521:554. Recuperado de https://www.periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/40213

Edição

Seção

Artigos