A floresta vista de cima

a categorização do mundo na língua dos Awa Guajá e na “língua” dos karawara

Autores

  • Marina Maria Silva Magalhães
  • Uirá Felipe Garcia

DOI:

https://doi.org/10.26512/rbla.v15i1.51951

Palavras-chave:

Categorização, Arte verbal, Awa Guajá, Karawara, Linguagem xamânica

Resumo

Nesta investigação, que associa linguística e antropologia, descrevemos e analisamos a diferença entre a variedade linguística falada cotidianamente pelos awa, humanos que habitam a terra, e por um conjunto de seres-espíritos denominados karawara, ou humanos que habitam o céu, tal como os Awa Guajá, um povo indígena que vive no noroeste do estado do Maranhão, concebem a distinção entre eles próprios e estas outras subjetividades com as quais estão em permanente contato. Essa população celeste se comunica com os humanos por meio de canções relacionadas ao universo xamânico. São canções que conectam os mundos dos vivos e dos espíritos, com grande importância para o sistema de cura e outras formas de conhecimento como a caça e a própria política awa, além de caracterizar uma estética discursiva singular. Neste trabalho, enfocaremos a diferença na categorização das referências e dos eventos/ações ao contrastarmos essas variedades, explicando o motivo de afirmarmos que existe, na língua Guajá, uma distinta classificação do mundo associada a cada uma delas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Andrade, Lucia M. M. 1992. O Corpo e os Cosmos: Relações de Gênero e o Sobrenatural entre os Asurini do Tocantins. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo.

Boas, Franz. 1940. Race, Language, and Culture. New York: Macmillan Company.

Brabec de Mori, B. 2012. About magical singing, sonic perspectives, ambient multinatures, and the conscious experience. Indiana 29, 73-101.

Bybee, J.L. and Moder, C.L. 1983. Morfological classes as natural categories. Language 59, 251-270.

Calheiros, Orlando. 2014. Aikewara: Esboços de uma sociocosmologia tupi-guarani. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: Museu Nacional/UFRJ.

CONVENÇÃO PARA A GRAFIA DOS NOMES TRIBAIS. (1954). Revista de Antropologia, 2(2), 150–152. http://www.jstor.org/stable/41616540.

Epps, Patience and Danilo P. Ramos. 2019. Hup bi’id ɨd: Shamanic Incantation at the Nexus of Language and Culture. Journal of Linguistic Anthropology. Special edition edited by Anthony Webster and Edward Barrett.

Epps, Patience and Danilo P. Ramos. 2020. Enactive aesthetics: The poetics of Hup incantation. Journal of Linguistic Anthropology, 30(2), 233–257.

Fausto, Carlos. 2001. Inimigos fiéis: história, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: Edusp.

Fausto, Carlos. 2008. “Donos demais: maestria e domínio na Amazônia”. Mana. Estudos de Antropologia Social, 14(2):329-366.

Garcia, Uirá F. 2010. Karawara: a caça e o mundo dos Awa Guajá. Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo, São Paulo.

Garcia, Uirá F. 2018. Crônicas de Caça e Criação. São Paulo: Hedra.

Garcia, Uirá F. and Magalhães, Marina M. S. 2021. Instituto Socio Ambiental. 2021. Disponível em: Povos indígenas no Brasil (Guajá): https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guajá. Acesso em 4 de maio de 2021.

Givón, Talmy. 1979. On Understanding Grammar. New York: Academic Press.

Hale, Kenneth. 1992. Language endangerment and the human value of linguistic diversity. Language, 68(1), 36-42.

Jakobson, Roman. 1956. Two aspects of language and two types of aphasic diturbance. In: Fundamentals of language (by) R. Jakobson & M. Halle. The Hague: Mouton.

Jakobson, Roman. 2010. Linguística e comunicação. Tradução Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. 22. ed. São Paulo: Cultrix.

Kopenawa, Davi. and Albert, Bruce. 2015. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.

Lima, Tânia Stolze. 1996. O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi. In Mana. Estudos de Antropologia Social, 2(2): 21-47.

Magalhães, Marina and Garcia, Uirá. 2018. “The Categorization of References in the Guaja Language and in the ‘Language’ of the Karawara.” Presented at Amazonicas VII, Baños, Ecuador.

Magalhães, M., Praça, W., & Cruz, A. da. 2019. Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma y Función, 32(2), 151-189. doi: http://dx.doi.org/10.15446/fyf.v32n2.80818

Mihas, E. 2019. Documenting Ritual Songs: Best Practices for Preserving the Ambiguity of Alto Perene (Arawak) Shamanic Pantsantsi ‘Singing’. Language Documentation and Conservation, 13: 197–230.

Müller, Regina Pólo. 1990. Os Asuriní do Xingu: história e arte. Campinas: Ed.Unicamp.

Regúnaga, María Alejandra. 2012. Tipología del género en lenguas indígenas de América del Sur. Bahía Blanca, Argentina: Editorial de la Universidad Nacional del Sur.

Rodrigues, Aryon Dall’Igna. 1984/85. Relações Internas na Família Lingüística Tupi-Guarani. Revista de Antropologia, vol. 27/28, USP, São Paulo.

Sapir, Edward. 1921. Language: An introduction to the study of speech. New York: Harcourt, Brace and Company.

Sherzer, Joel. 2002. Speech play and verbal art. Austin, Texas: University of Texas Press.

Stengers, Isabelle. 2018. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº69: 442-462.

Stengers, Isabelle. 2021. “Notas introdutórias sobre uma ecologia de práticas”, In Artecompostagem ’21: 09-27.

Tambiah, Stanley J. 1968. The Magical Power of Words. Man, New Series 3 (2): 175–208.

Taylor, J. R. 1992. Linguistic categorization. Prototypes in linguistic theory. Oxford: Clarendon Press.

Townsley, G. 1993. Song Paths: The Ways and Means of Yaminahua Shamanic Knowledge. L’Homme, 126-128: 449–468.

Urban, Wilbur Marshall. 1939. Language and reality. London: Library of Philosophy.

Viveiros de Castro, Eduardo. 1986. Araweté: os deuses canibais. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar.

Viveiros de Castro, Eduardo. 2002. A inconstância da alma selvagem- e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.

Viveiros de Castro, Eduardo. 2008. “Xamanismo Transversal: Lévi-Strauss e a cosmopolítica amazônica”. In Caixeta de Queiroz, Ruben & Nobre, Renarde Freire. Lévi-Strauss: leituras brasileiras. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Whorf, B. L. 1956. Thought and Reality. Selected Writings of Benjamin Lee Whorf. Edición de John B. Carroll. Massachusetts, MIT.

Downloads

Publicado

2023-12-19

Como Citar

Maria Silva Magalhães, M., & Felipe Garcia, U. (2023). A floresta vista de cima: a categorização do mundo na língua dos Awa Guajá e na “língua” dos karawara. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 15(1). https://doi.org/10.26512/rbla.v15i1.51951

Edição

Seção

Dossiê