Santa Luzia resiste

Processo participativo e padrões espaciais para elaboração do Plano de Bairro e do Projeto de Habitação das Mulheres Poderosas.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n29.2021.02

Palavras-chave:

Processo Participativo, Plano de bairro, Projeto habitacional, Mulheres Poderosas, Linguagem de padrões

Resumo

Este trabalho tem como objetivo demonstrar os processos participativos, a elaboração e a sistematização de padrões espaciais baseados em Alexander et al. (1977) e Andrade (2014), considerando as dimensões da sustentabilidade para construção do Plano de Bairro de Santa Luzia e do Projeto Habitacional das Mulheres Poderosas desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa e Extensão Periférico como alternativa à proposta da Companhia de Desenvolvimento Habitacional ”“ CODHAB. Santa Luzia é uma ocupação urbana de 20 mil habitantes na Cidade Estrutural sem infraestrutura básica, na região onde havia o antigo Lixão que contribuiu para o progressivo aumento da população de catadores na faixa de tamponamento de 300 metros da Área de Relevante Interesse Ecológico, criada posteriormente à ocupação urbana, nas bordas do Parque Nacional de Brasília. Para resolver os conflitos socioambientais a CODHAB desenvolveu um projeto habitacional que prevê 4 lajes sobrepostas ao longo de 3,2 quilômetros para receber cerca de 2400 unidades habitacionais. No entanto, a população não se sente contemplada, principalmente considerando as remoções de moradias de alvenaria, caracterizadas pela autoconstrução e padrões urbanos orgânicos emergentes. Os resultados do Plano de Bairro e do Projeto Habitacional elaborados em conjunto com a população reforçam a riqueza do desenho dos padrões espaciais e de acontecimentos existentes, e propõem soluções mais sustentáveis com hierarquia viária, infraestrutura ecológica e parque linear para fixação da população.

 

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Biografia do Autor

Liza Maria Souza de Andrade, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Arquiteta de formação, professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, líder do Grupo de Pesquisa e Extensão, "Periférico, trabalhos emergentes", vice-coordenadora do NP+CTS - Núcleo de Política de Ciência e Tecnologia e Sociedade do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares  - CEAM da Universidade de Brasília. É membro da coordenação operacinoal do Núcleo DF Metropolitano do BrCidades e integra a Rede Moradia-Assessoria e do Observatório Nacional dos Direito à Agua e ao Saneamento - ONDAS. Foi membro da Camara de Extensão da UnB (2016-2020) e Coordenadora de Extensão da FAU/UnB (2018-2020) e orientadora/coordenadora do Escritório Modelo CASAS (2013-2020). É também vice-líder do Grupo de Pesquisa Água e Ambiente Construído e membro do Conselho de Saneamento Básico do Distrito Federal ”“ CONSAB.

Juliette Anna Fanny Lenoir, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Doutoranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU-UnB) e coordenadora de políticas públicas na gestão 2020-2022 do IAB-DF. Mestre em Arquitetura e Urbanismo, formada pela Escola Politécnica Federal de Lausanne, (EPFL) na Suíça em 2015. É pesquisadora nos núcleos do DF da rede nacional do Atlas da precariedade e experiências em ATHIS no Brasil e do projeto Brasil Cidades (Br Cidades).

Sofia de Freitas Portugal, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília. Possui interesse em áreas de extensão universitária, assistência técnica em arquitetura e urbanismo, urbanismo social, regularização fundiária, direito à cidade e direito à moradia. Dentro da universidade participou do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável (EMAU CASAS), grupo extensionista que vincula universidade à populações marginalizadas por meio de processo participativo democrático. Atualmente, faz estágio na Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF), na Diretoria de Assistência Técnica, e participa do Grupo de Pesquisa e Extensão ?Periférico, trabalhos emergentes?, que integra a discussão sobre táticas urbanas à tecnologia social e inovação.

Átila Rezende Fialho, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Recém graduado em Arquitetura e Urbanismo, mestrando no PPG-FAU-UnB, teve variada experiência tanto acadêmica quanto política ao longo dos últimos anos, seja participando de projetos do Escritório Modelo, o CASAS (Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável), sendo presidente do Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UnB (CAFAU-UnB) durante os anos de Gestão Rodô (2017-2018), participando da organização da semana universitária de arquitetura e urbanismo de 2016, a semana ESCALA, atuando na FENEA (Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura), durantes os anos de 2014 e 2015,ou mesmo fazendo parte do grupo de extensão "Periférico Trabalhos Emergentes". Durante o programa Ciências sem Fronteiras, fez um programa de graduação sanduíce na Universidade de Groningen, intitulado “Spatial problems, spatial policies” entre agosto de 2015 e junho de 2016. Tem interesse pelas áreas de planejamento urbano e regional, teoria e história crítica em urbanismo e Bioconstrução, com especial destaque para temas como direito à cidade e moradia, meio-ambiente, ocupações urbanas e rurais e movimentos sociais. Como pesquisador, já participou de PIBIC e de Congressos como IX CBDU (Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico), em 2017, e XVIII ENANPUR, em 2019.

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Publicado

27-01-2021

Como Citar

Souza de Andrade, L. M. ., Fanny Lenoir, J. A. ., de Freitas Portugal, S. ., & Rezende Fialho, Átila. (2021). Santa Luzia resiste: Processo participativo e padrões espaciais para elaboração do Plano de Bairro e do Projeto de Habitação das Mulheres Poderosas. Paranoá, 14(29). https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n29.2021.02

Edição

Seção

Projeto e Planejamento

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